As distribuidoras Amazonas Energia e Roraima Energia, em processo de aquisição pela Âmbar Energia (grupo J&F), manifestaram formalmente preocupação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre os contratos com a geradora Brasil Biofuels (BBF), empresa que recentemente ingressou em recuperação judicial. As informações foram divulgadas pelo site MegaWhat.
Os alertas focam especificamente no Sistema Isolado, que atende comunidades remotas. A Amazonas Energia solicitou à Aneel um monitoramento econômico-financeiro e operacional rigoroso da BBF, visando garantir a segurança do fornecimento.
Situação Crítica nas Usinas (UTEs)
A distribuidora aponta que as termelétricas da BBF que atendem Envira, Ipixuna e Belém do Solimões operam com a potência disponível abaixo da demanda contratada e sem margem de reserva técnica. Isso significa que qualquer falha pode causar interrupções no fornecimento.
Na UTE Envira, uma indisponibilidade prolongada já exigiu um alívio de carga emergencial de 540 kW em novembro, realizado com apoio da prefeitura.
Nas UTEs Ipixuna e Belém do Solimões, foram identificados riscos de acúmulo de indisponibilidade e operação no limite.
A Amazonas Energia ressalta que o parque gerador da BBF é praticamente equivalente à demanda, tornando qualquer indisponibilidade, mesmo parcial, um descumprimento contratual. A operação crônica no limite também sobrecarrega os equipamentos, acelerando seu desgaste e aumentando o risco de falhas em cadeia e interrupções totais.
Contexto da BBF e Outras Preocupações
O alerta das distribuidoras ocorre após a BBF obter aprovação para recuperação judicial e ter o registro de emissor de valores mobiliários cancelado pela CVM. A Aneel também já cancelou dez outorgas de termelétricas da empresa.
Além dos riscos operacionais, a Amazonas Energia recebeu denúncias de atrasos em pagamentos e benefícios trabalhistas para funcionários da BBF. A geradora, por sua vez, alegou que todos os pagamentos foram realizados dentro do mesmo mês e que eventuais débitos só constam pendentes devido à suspensão de exigibilidades pela recuperação judicial. A distribuidora afirma que a BBF não apresentou documentação comprobatória sobre o tema.
Diante deste cenário, a Amazonas Energia pede que a Aneel tome as providências necessárias para proteger o interesse público e a segurança energética das localidades atendidas pela BBF no estado do Amazonas. A BBF não se pronunciou sobre as alegações ao ser contatada pela reportagem.