MP do Amazonas dá prazo para Polícia Civil regularizar situação "precária" de delegacia no interior

Recomendação judicial lista uma série de problemas na Delegacia de Eirunepé, desde superlotação da carceragem até falta de local adequado para armas; polícia tem 30 dias para apresentar plano de ação


EIRUNEPÉ/AM – O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) expediu uma recomendação com prazo determinado para que a Polícia Civil adote uma série de providências para regularizar o funcionamento da Delegacia Interativa e Especializada (DIP/DEP) de Eirunepé, município a 1.160 km de Manaus. O documento, obtido pela reportagem, aponta condições "precárias" de conservação e funcionamento do prédio, com risco à integridade física de custodiados e servidores.

A recomendação é assinada pelo promotor de Justiça Cláudio Moisés Rodrigues Pereira e dá um prazo de 30 dias para que a Polícia Civil informe quais providências já foram tomadas e apresente um cronograma de ações. Para algumas medidas, como garantir direitos básicos aos presos e criar um plano de capacitação para agentes, o prazo é de seis meses.

A situação da delegacia já é alvo de uma Ação Civil Pública movida pelo MP, com decisão judicial que determinou ao Estado que realizasse obras emergenciais no local em 180 dias – prazo que, segundo a nova recomendação, não foi suficiente para resolver os problemas.

Problemas listados pelo MP


Entre os problemas apontados pelo Ministério Público estão:

  1. Estrutura física: Laudo técnico de engenheiro civil atestou que a carceragem não atende aos requisitos mínimos de segurança, salubridade e funcionalidade, necessitando de intervenção emergencial.
  2. Superlotação: O MP recebeu denúncias sobre o excesso de presos nas celas acima da capacidade, configurando violação de direitos fundamentais.
  3. Falta de itens básicos: A delegacia não garante direitos como banho de sol, visitas familiares e atendimento por advogados de forma adequada.
  4. Armazenamento inadequado: Não há local seguro para armamento, munição e materiais apreendidos, o que coloca em risco a segurança do estabelecimento.

O que a Polícia Civil deve fazer

  1. A recomendação do MP estabelece medidas claras a serem cumpridas:
  2. Inspeções trimestrais na delegacia, com envio de relatórios ao MP.
  3. Listagem atualizada dos presos custodiados, também a cada três meses.
  4. Elaboração de um plano de contingência para evitar superlotação, com comunicação imediata ao MP caso a capacidade máxima seja atingida.
  5. Garantia de direitos dos presos no prazo de seis meses, incluindo banho de sol e visitas.
  6. Capacitação dos agentes que atuam na custódia no mesmo prazo.
  7. Criação de local adequado para armas e materiais apreendidos.

Caso as medidas não sejam adotadas, o MP alerta que os responsáveis serão considerados em mora e que medidas judiciais cabíveis serão tomadas. A Polícia Civil foi contactada pela reportagem, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

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