A REALIDADE DE IPIXUNA: ISOLAMENTO E POUCAS PERSPECTIVAS
A cidade de Ipixuna, no Amazonas, recebeu um título alarmante: de acordo com o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), ela é a cidade menos desenvolvida de todo o Brasil, ocupando a última posição entre os 5.570 municípios analisados. O levantamento escancara as profundas desigualdades regionais e a precariedade que atinge milhares de brasileiros no Norte do país.
Situada na fronteira com o Acre, Ipixuna enfrenta desafios que refletem os problemas mais graves da Amazônia profunda. Infraestrutura precária, difícil acesso a serviços básicos e uma economia pouco diversificada colocam a cidade em uma posição vulnerável. Com uma pontuação de apenas 0,1485 no IFDM, o município se enquadra na categoria de "desenvolvimento crítico", evidenciando falhas nos setores de educação, saúde, emprego e renda.
A cidade sofre com a falta de estradas, impedindo o tráfego contínuo e dificultando o escoamento da produção local. A dependência de atividades primárias, como agricultura de subsistência, deixa a população refém de ciclos econômicos instáveis e sem alternativas concretas para o progresso.
UM PROBLEMA NACIONAL: A DESIGUALDADE QUE SEGUE INTOCADA
Ipixuna não está sozinha. O relatório da Firjan revelou que a maioria das cidades com baixos índices de desenvolvimento estão no Norte e Nordeste. Além de Ipixuna, os municípios de Jenipapo dos Vieiras (MA), Uiramutã (RR) e Jutaí (AM) aparecem no topo do ranking das cidades menos desenvolvidas. O estudo mostra que 87% dos municípios considerados críticos ou de baixo desenvolvimento estão nas regiões Norte e Nordeste.
Enquanto estados como São Paulo apresentam apenas 0,3% de seus municípios com baixos índices, o Amapá registra 100% de suas cidades nessa situação. O Maranhão (77,6%), Pará (72,4%) e Bahia (70,5%) também figuram na lista dos estados mais afetados pela disparidade econômica.
UMA MUDANÇA LENTA: O BRASIL AVANÇA, MAS OS MAIS POBRES FICAM PARA TRÁS
Apesar do avanço nacional registrado pelo IFDM, que apresentou uma melhoria de 29,8% em uma década, a Firjan alerta que, no ritmo atual, os municípios mais pobres só alcançarão o nível dos mais desenvolvidos em 2046—ou seja, daqui a 23 anos. Esse atraso revela um problema estrutural que persiste no Brasil e exige medidas urgentes para evitar um futuro onde cidades como Ipixuna permaneçam à margem do desenvolvimento.
A pergunta que fica é: até quando cidades como Ipixuna seguirão invisíveis aos olhos das políticas públicas e das soluções governamentais? O desafio é enorme, e enquanto não houver uma ação concreta, milhares de brasileiros continuarão presos a essa realidade.