A atuação da Azul Linhas Aéreas no Amazonas foi alvo de críticas contundentes durante sessão da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam), realizada nesta quarta-feira (13). Parlamentares denunciaram a redução da malha aérea no interior, mesmo com a empresa recebendo incentivos fiscais do governo estadual. A companhia, que está em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, encerrou operações em 14 cidades brasileiras desde março — incluindo diversos municípios amazonenses.
Interior do Amazonas desconectado
O deputado Rozenha (PMB) afirmou que, apesar de se beneficiar da isenção de impostos sobre o querosene de aviação, a Azul não tem cumprido seu papel de conectar o interior do Estado. “A empresa retira muito mais dos cofres do Amazonas do que gera de benefícios”, criticou.
Já o deputado Adjuto Afonso (União Brasil), presidente da Comissão de Transportes da Aleam, anunciou que irá convocar representantes da Azul para prestar esclarecimentos sobre os cancelamentos de voos. Segundo ele, a taxa de cancelamentos ultrapassa 60%, afetando diretamente a mobilidade dos moradores de cidades interioranas.
Municípios amazonenses afetados
Entre os municípios do Amazonas que perderam cobertura aérea estão:
- Novo Aripuanã
- Manicoré
- Borba
- Boca do Acre
- Humaitá
- Eirunepé
No caso de Eirunepé, as operações da Azul já haviam sido suspensas anteriormente devido a problemas estruturais na pista do aeroporto local. A decisão mais recente apenas consolidou a exclusão da cidade da malha aérea da companhia, agravando o isolamento da região.
Em cidades como Boca do Acre, os passageiros precisam viajar até Rio Branco (AC) para embarcar em voos comerciais. Já quem se dirige a Humaitá depende de conexões em Porto Velho (RO), evidenciando a desconexão aérea entre os municípios do Amazonas.
Contexto nacional
A Azul também encerrou operações em cidades como Campos (RJ), Mossoró (RN), Três Lagoas (MS), Ponta Grossa (PR), Cratéus, Sobral e Iguatú (CE), entre outras. Muitas dessas localidades eram atendidas exclusivamente pela companhia, o que deixou os municípios sem acesso aéreo.
A empresa justificou os cortes com base no aumento dos custos operacionais, valorização do dólar e disponibilidade de aeronaves. A expectativa é que o processo de reorganização financeira seja concluído até o fim de 2025.
Audiência pública e atuação de ONGs
Além das críticas à Azul, os deputados também discutiram a atuação de ONGs estrangeiras no Estado. O deputado João Luiz (Republicanos) propôs uma audiência pública para apurar denúncias contra a ONG norte-americana Global Thinkers Now, acusada de utilizar imagens de ribeirinhos de Novo Airão sem autorização para arrecadar fundos no exterior.
A Assembleia Legislativa do Amazonas promete intensificar os debates sobre conectividade aérea e a atuação de entidades externas, buscando garantir mais transparência e benefícios reais para as comunidades locais.