O Caso Taynara Souza Santos e a Culpa de uma Sociedade Patriarcal

Artigo de Opinião: Cada mulher assassinada é um alerta. Cada omissão é cumplicidade. Cada desculpa é perpetuação da barbárie.


O Brasil perdeu mais uma vida para o feminicídio. Taynara Souza Santos, de apenas 31 anos, mãe de dois filhos, foi atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro pelo ex-companheiro, Douglas Alves da Silva, em São Paulo. Após semanas de luta pela sobrevivência, múltiplas cirurgias e amputações, Taynara faleceu no dia 24 de dezembro de 2025. Sua morte não é apenas resultado da crueldade de um homem; é consequência direta de uma sociedade que insiste em perpetuar o controle sobre o corpo e a vida das mulheres.

A barbárie e suas raízes


O crime cometido contra Taynara não pode ser visto como um ato isolado. Ele é fruto de uma cultura patriarcal que naturaliza o ciúme como justificativa, que romantiza a posse e que falha em proteger mulheres em situação de vulnerabilidade. O patriarcado ensina que homens têm direito sobre a vida das mulheres, e quando esse “direito” é questionado, a violência explode.

Além disso, há falhas institucionais: políticas públicas insuficientes, falta de fiscalização de medidas protetivas e uma justiça que muitas vezes minimiza denúncias de violência doméstica. Cada omissão estatal é cúmplice. Cada silêncio social é cúmplice.

Quem deve ser responsabilizado

  1. O agressor, que agiu com extrema crueldade e intenção de matar.
  2. O Estado, que não garante proteção efetiva às mulheres, mesmo diante de estatísticas alarmantes de feminicídio.
  3. A sociedade patriarcal, que normaliza comportamentos abusivos e perpetua estereótipos que sustentam a violência.
  4. Nós, coletivamente, quando escolhemos ignorar sinais de violência ao nosso redor.

O que precisa mudar

É urgente que o Brasil trate o feminicídio como questão de segurança nacional. Isso significa:

  1. Investir em políticas de prevenção e educação de gênero desde a infância.
  2. Garantir medidas protetivas eficazes e monitoramento real dos agressores.
  3. Criar campanhas que desnaturalizem o ciúme e a posse como expressões de amor.
  4. Responsabilizar não apenas os indivíduos, mas também as instituições que falham em proteger.

Um luto que exige ação

Mãe de Taynara

A morte de Taynara Souza Santos não pode ser apenas mais uma estatística. Ela deve ser lembrada como símbolo da urgência em desmontar o patriarcado e exigir justiça contundente. Cada mulher assassinada é um grito que ecoa contra a indiferença social.

Enquanto não houver transformação estrutural, continuaremos enterrando mulheres e culpando apenas os agressores, sem enfrentar o sistema que os produz. O feminicídio é um crime coletivo, e a responsabilidade é de todos nós.

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