Papa Leão XIV cobra ação firme da Igreja dos EUA contra política migratória de Trump

 

Em um gesto contundente, o Papa Leão XIV exigiu que a Conferência Episcopal dos Estados Unidos (USCCB) se posicione “com firmeza e veemência” diante das políticas migratórias do presidente Donald Trump, que têm provocado medo e insegurança entre imigrantes católicos no país.

Voz pastoral contra a repressão

Durante uma audiência no Vaticano com bispos norte-americanos e assistentes sociais que atuam na fronteira entre os EUA e o México, o pontífice — primeiro papa americano da história — compartilhou dezenas de cartas recebidas de imigrantes católicos. Os relatos descrevem o terror de sair às ruas, o receio de deportações e o impacto psicológico sobre famílias que vivem em situação irregular.

“Eles não podem sair. Têm medo de fazer compras, de ir à igreja e, por isso, ficam em casa”, dizia uma das cartas, escrita por Maria, cidadã da Guatemala com estatuto de asilo. Ela pediu que o Papa “implore a Trump” por mudanças.

Na véspera da audiência com os bispos, Leão XIV também se reuniu em caráter privado com cerca de 100 católicos norte-americanos envolvidos em ministérios com imigrantes. O Papa agradeceu pelo trabalho pastoral e reforçou seu apoio à missão de acolhimento e proteção dos mais vulneráveis.

“Estarei ao vosso lado”


Segundo o bispo Mark Seitz, de El Paso (Texas), o Papa afirmou que espera uma manifestação pública da USCCB sobre o tema. “Estarei ao vosso lado”, teria dito Leão XIV aos prelados, em um dos momentos mais emocionantes do encontro.

Fé e coerência

Leão XIV também criticou a incoerência entre o discurso pró-vida e o apoio a políticas migratórias que, segundo ele, promovem “tratamento desumano” aos estrangeiros. “Alguém que diz ser contra o aborto, mas concorda com o tratamento desumano de imigrantes, não é realmente pró-vida”, declarou o Papa em setembro.

Reações e silêncio oficial

A Casa Branca respondeu afirmando que Trump está cumprindo sua promessa de deportar imigrantes ilegais com antecedentes criminais. O Vaticano, por sua vez, não comentou oficialmente o encontro.

A cobrança de Leão XIV marca uma inflexão em seu estilo mais reservado, sinalizando que, diante da dor dos migrantes, o silêncio não é uma opção. A Igreja dos EUA terá agora que decidir se acompanha o Papa em sua cruzada por justiça — ou se permanece à margem.

Postar um comentário

Sua opinião é importante!

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato