Justiça é feita: Ministério Público do Amazonas denuncia acusados de ataques racistas contra vereadora de Maués
MANAUS (AM) – O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) formalizou a denúncia contra três indivíduos por crimes de injúria racial e injúria qualificada, praticados contra a vereadora de Maués (AM), Carla Leite (PSD). O caso reacendeu o debate sobre o combate ao discurso de ódio e a punição de crimes raciais no Brasil.
Os ataques ocorreram nos dias 24 e 25 de abril de 2025, quando os acusados utilizaram redes sociais para disseminar mensagens ofensivas e de cunho racista contra a parlamentar. De acordo com as investigações, um dos denunciados publicou insultos comparando a vereadora a animais primatas, enquanto uma segunda suspeita divulgou imagens associando Carla Leite à mesma comparação. O terceiro acusado, embora sem conotação racial, também dirigiu ofensas à vítima no exercício de sua função pública.
Diante das evidências reunidas, incluindo registros em redes sociais e dados fornecidos pela empresa Meta, o MP-AM denunciou os suspeitos com base na Lei 7.716/1989, que trata dos crimes de racismo, além do artigo 140 do Código Penal, que tipifica a injúria qualificada. Segundo o promotor de Justiça responsável pelo caso, Caio Lúcio Fenelon Assis Barros, a atuação do Ministério Público reforça a necessidade de punir crimes que atentam contra a dignidade humana e tentam normalizar o racismo em espaços públicos e digitais.
Ao tomar conhecimento da denúncia, Carla Leite destacou o sentimento de justiça e alívio após semanas de sofrimento, marcadas por insônia e preocupação com sua família. "A sensação é muito boa e maravilhosa, uma sensação de que existe justiça no nosso País. Espero que os acusados sejam punidos nos rigores da lei", declarou a vereadora.
A legislação brasileira classifica o racismo como crime inafiançável e imprescritível, conforme a Constituição Federal, e a injúria racial agora também é considerada crime de racismo, com pena de reclusão de dois a cinco anos, segundo a Lei nº 14.532/2023. Em 2024, mais de 5,2 mil violações de racismo e injúria racial foram registradas pelo Disque 100, evidenciando a persistência do problema.
A repercussão do caso gerou manifestações de apoio à vereadora e reforçou a importância de medidas contra discursos de ódio. "Apesar de tudo, você é ressarcido de alguma forma, de ver que as pessoas irão tomar mais cuidado com a distribuição de ódio gratuito e com a falta de humanidade no nosso mundo", concluiu Carla.
O processo seguirá para análise judicial, e a expectativa é que os acusados respondam pelos crimes nos rigores da lei, consolidando mais um passo na luta contra o racismo no Brasil.