São Paulo, 15 de março de 2024 — Em um depoimento contundente à Polícia Federal, o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, lançou luz sobre as articulações antidemocráticas que quase levaram o país a uma ruptura institucional. As revelações apontam diretamente para o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo papel nas manobras políticas é agora objeto de investigação.
Detalhes Comprometedores
Durante mais de oito horas de interrogatório no último dia 1º, o general Freire Gomes detalhou como o ex-presidente apresentou aos três comandantes das Forças Armadas possíveis instrumentos excepcionais para reverter o resultado das eleições que consagraram a vitória do presidente Lula. Esses instrumentos, por vezes típicos de regimes ditatoriais, incluíam a possibilidade de decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o uso extremado do Estado de Defesa e do Estado de Sítio.
A fatídica reunião ocorreu em 7 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada, conforme relatado pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid em seu acordo de colaboração premiada. Na ocasião, o então mandatário apresentou essas medidas como forma de se contrapor à realidade expressa nas urnas, desafiando o resultado eleitoral.
Alerta e Responsabilização Criminal
Além disso, o general Freire Gomes alertou o presidente Bolsonaro sobre as implicações legais e a responsabilização criminal que poderiam advir dessas ações. O depoimento, que totaliza 22 páginas, revela a gravidade das discussões nos bastidores do poder.
Os investigadores também descobriram que o documento debatido no Alvorada é exatamente o mesmo encontrado no telefone celular de Mauro Cid. Esse testemunho-chave pode ser crucial para esclarecer os eventos que ameaçaram a estabilidade democrática do país.
Agora, as autoridades estão diante de uma tarefa complexa: investigar até onde essas tramas golpistas avançaram e quais foram as reações dos demais líderes militares. O Brasil aguarda respostas e a justiça está em busca da verdade.