PL Antifacção é aprovado: lei prevê penas cumulativas que podem ultrapassar 120 anos de prisão

CONGRESSO APROVA POR UNANIMIDADE NOVO MARCO LEGAL CONTRA CRIME ORGANIZADO

Chamado de "PL Antifacção", projeto aumenta penas para criminosos de facções, que podem ultrapassar 120 anos de prisão.

BRASÍLIA – O Plenário do Congresso Nacional aprovou, por unanimidade, nesta quarta-feira (12), o projeto de lei que estabelece um novo marco legal para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Conhecido como "PL Antifacção", o texto tem como objetivo principal dificultar a atuação de facções criminosas e impor penas severas a seus integrantes.

O ponto central da nova legislação é o aumento significativo das penas para crimes cometidos por organizações criminosas. As penas para delitos como tráfico de drogas, contrabando de armas, lavagem de dinheiro e homicídio, quando comprovadamente ligados a facções, serão majoradas em até dois terços. O dispositivo mais impactante permite o acúmulo de penas de diferentes condenações, de modo que a soma do tempo de prisão possa ultrapassar 120 anos, praticamente eliminando a possibilidade de progressão de regime e liberdade condicional para líderes e chefes do crime.

Além do endurecimento penal, o projeto prevê:

  • Facilitação da cooperação internacional para investigações e bloqueio de bens no exterior.
  • Expansão das hipóteses de delação premiada e criação de programas específicos de proteção a colaboradores.
  • Criação de um cadastro nacional unificado de organizações criminosas, para melhor compartilhamento de informações entre polícias e Ministério Público.

O relator do projeto, deputado Capitão Augusto (PL-SP), defendeu a medida como uma resposta urgente à escalada da violência. "Essas organizações são a maior ameaça à segurança pública hoje. Precisamos de leis tão duras quanto os crimes que elas cometem", afirmou.

Por outro lado, especialistas em direito penal e organizações de direitos humanos expressam preocupação. A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) emitiu nota alertando que a lógica do acúmulo de penas pode sobrecarregar o já combalido sistema prisional e não ataca as causas estruturais do crime. "Prender por mais tempo, sem políticas de reintegração, pode apenas fortalecer as facções dentro dos presídios", ponderou o jurista Renato de Vitto.

O projeto segue agora para sanção ou veto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que terá 15 dias úteis para analisar a matéria. A expectativa no Congresso é de que a lei seja sancionada, dada a pressão política por medidas concretas contra o crime organizado.

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