“SABIA NÃO”: Deputado Alexandre Ramagem é localizado em Miami enquanto Câmara desconhecia sua saída do país
A Câmara dos Deputados afirmou nesta semana que não foi comunicada oficialmente sobre a saída do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) do Brasil, tampouco autorizou qualquer missão internacional em seu nome. A revelação veio à tona após o parlamentar ser localizado pelo portal PlatôBR em um condomínio de luxo em North Miami, nos Estados Unidos.
Ramagem foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 16 anos de prisão por envolvimento em atos golpistas. Apesar disso, permanece fora do país há mais de dois meses. Segundo fontes ouvidas pelo PlatôBR, ele teria deixado o Brasil de forma clandestina: viajou do Rio de Janeiro a Boa Vista em 9 de setembro e foi visto em Miami no dia 11 — justamente quando o STF concluiu o julgamento que o condenou. O ministro Alexandre de Moraes havia determinado a entrega dos passaportes dos réus, mas não há registro público de que Ramagem tenha cumprido a ordem.
Durante o período em que foi localizado nos EUA, Ramagem apresentou dois atestados médicos à Câmara: um cobrindo de 9 de setembro a 8 de outubro, e outro de 13 de outubro a 12 de dezembro. A licença por motivo de saúde garante ao deputado acesso integral aos sistemas da Casa e ao uso da cota parlamentar — mesmo estando fora do território nacional.
O parlamentar foi visto no condomínio Solé Mia, em North Miami, um complexo de alto padrão com laguna artificial, spa, quadras esportivas e hospedagem estimada em cerca de R$ 2 mil por dia. A situação gerou indignação entre parlamentares e especialistas em direito público, que apontam possível abuso de prerrogativas e uso indevido de recursos públicos.
Com a permanência de Ramagem fora do país e a ausência de comunicação formal à Câmara, cresce a expectativa de que o STF decrete sua prisão preventiva. A Procuradoria-Geral da República já acompanha o caso, e fontes próximas ao Supremo indicam que medidas podem ser tomadas nos próximos dias.
A ausência de controle sobre a movimentação de parlamentares condenados e a manutenção de benefícios mesmo em situação de fuga levantam questionamentos sobre os mecanismos de fiscalização do Legislativo. A Câmara, por sua vez, declarou que aguarda esclarecimentos formais do deputado e que tomará providências conforme o regimento.
“SABIA NÃO”, disse um servidor da Casa, em tom de surpresa, ao ser questionado sobre a presença de Ramagem em solo americano.
A história ainda promete novos desdobramentos — e o Brasil observa, entre perplexidade e indignação, mais um capítulo da crise institucional que assombra o país.