Rombo de 74,5 milhões: Polícia Federal mira Associação Moriá e parlamentares da extrema-direta por desvio de emendas


Uma megaoperação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU, deflagrada em 29 de julho de 2025 e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), colocou a Associação Moriá no epicentro de um escândalo envolvendo o suposto desvio de recursos públicos destinados a projetos educacionais e digitais. Denominada Operação Korban, a ação visa apurar irregularidades na gestão de cerca de R$ 74,5 milhões em emendas parlamentares, principalmente voltadas ao projeto gamer “Jogos Estudantis de Esportes Digitais (Jedis)”.

O projeto gamer que virou caso de polícia


A Associação Moriá recebeu quase R$ 46 milhões para implementar um programa voltado ao ensino de jogos como Free Fire, Valorant e LoL para jovens de escolas públicas.

  • Para justificar o financiamento, a ONG apresentou ao Ministério do Esporte um plano técnico prevendo 29 salas gamers em escolas do DF, que nunca foram aprovadas pela Secretaria de Educação.
  • Apesar de alegar possuir equipe qualificada, a investigação revelou que seus principais gestores são um ex-cabo do Exército, um motorista e uma esteticista, considerados laranjas.
  • A entidade declarou atender 3,5 milhões de jovens em Anápolis (GO) — número incompatível com a população real da cidade, de apenas 398 mil habitantes.

O que diz a investigação

  • Auditoria da CGU identificou desvios de até R$ 13,2 milhões nos convênios entre a associação e o Ministério do Esporte.
  • Foram encontradas provas de conluio entre empresas, direcionamento de subcontratações e uso de firmas de fachada, com sobrepreço nos serviços contratados.
  • A justiça determinou bloqueio de bens e contas bancárias de até R$ 25 milhões dos investigados.
  • 16 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em DF, Acre, Paraná e Goiás.

Repercussão política

  • O senador Izalci Lucas, que enviou emendas, afirmou ter cancelado novos repasses e responsabilizou o Ministério do Esporte pela fiscalização dos projetos.
  • Após as denúncias do portal Metrópoles, parlamentares também anunciaram a suspensão das emendas de bancada que seriam destinadas à associação.

Impactos na educação digital

Segundo a CGU, o desvio de recursos comprometeu a execução dos Jedis, prejudicando jovens da rede pública que seriam beneficiados por cursos profissionalizantes e capacitação em e-sports. A suspensão dos convênios interrompeu uma iniciativa que, se executada corretamente, teria potencial para impulsionar a inclusão digital de milhares de estudantes.

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